Numa empresa temos profissionais em início de carreira e outros com larga experiência. Não podemos esquecer, ainda, dos estagiários. No ecossistema organizacional, cada um deles vai reagir a estímulos diferentes.
Cada pessoa vai ter um “motivo para a ação”. O nosso desafio como líder ou gestor é descobrir como atender a essa necessidade. A motivação é a força motriz dos resultados.
Se queremos alta performance, precisamos entender, primeiro, como construir equipes motivadas. Para mim é um desafio diário, mas também é uma prioridade.
Atualmente, esse desafio é ainda maior, considerando que a empresa está fechada, respeitando a quarentena. Apesar disso, é preciso manter a energia da equipe, especialmente, diante de um quadro de incertezas. Contudo, é necessário esse esforço de liderança para alinharmos o grupo e preparar o caminho para o retorno.
Pois bem, há muito tempo percebi que se faço um plano estratégico para atingir as metas esperadas pela empresa, eu preciso entender os mecanismos da motivação.
Quais são as engrenagens que movem os colaboradores? Como mantê-los engajados e produtivos? Como acionar os pontos certos e atender diferentes perfis de profissionais?
Com essas questões inquietando a minha mente, estou sempre desbravando livros e internet para entender um pouco mais sobre motivação.
E no meio dessas pesquisas, achei um modelo que fez muito sentido para mim e que venho aplicando, na medida do possível, com a minha equipe. É verdade que, neste momento (de isolamento), a dinâmica exige mais flexibilidade, mas essa abordagem merece ser reconhecida.
É o modelo de Maslow para a motivação. Certamente você já ouviu falar sobre a pirâmide de Maslow, criada a partir da Teoria das Necessidades Humanas do psicólogo americano Abraham Maslow.
O que é a Teoria de Maslow?
Maslow traçou uma escala hierárquica de necessidades, partindo das fisiológicas até a autorrealização (Fisiologia — Segurança — Social — Estima — Autorrealização).
O modelo de Maslow defende que a motivação surge para atender essas necessidades, seguindo a ordem. Dessa forma, não dá para se motivar pensando em relacionamentos pessoais, se está faltando o básico como comida, água e segurança.
Essa mesma lógica podemos aplicar na motivação para o trabalho. Como esperar funcionários motivados, se eles estão com problemas familiares ou se não oferecemos um ambiente de trabalho seguro?
Considerando o nosso cenário atual, como motivar uma equipe que está preocupada com a saúde dos familiares e com o contexto econômico do país?
Para essa última questão, a resposta ainda está sendo trabalhada. Tudo é inédito em relação a crise que o coronavírus trouxe ao mundo. Mas, o que posso sinalizar é que cada escala da pirâmide de Maslow é aplicável na conjuntura profissional.
Afinal, devemos ter mente essa pergunta: o que motiva o ser humano? Ao buscar soluções para esse questionamento, vamos encontrar razão na hierarquia de necessidades de Maslow para motivar nossos liderados.
Veja!
1. Atendendo as necessidades básicas
Quando introduziu o conceito de hierarquia de necessidades, Maslow estava concentrado em descobrir o que deixava as pessoas felizes e que tipos de comportamentos elas adotavam para atingir essa finalidade.
Para o psicólogo, as pessoas gostariam de explorar todo o seu potencial. Mas, para chegar no topo, elas precisavam suprir as necessidades básicas como comida, sono, segurança.
Então, nessa linha de raciocínio, como podemos adaptar essa necessidade fisiológica à equipe de trabalho?
Olhe para a realidade da empresa e o que é oferecido à sua equipe. A jornada de trabalho é compatível com o salários e benefícios? Os intervalos estão sendo respeitados? Como está o ambiente físico do local de trabalho? Como você avalia o conforto e a segurança dos colaboradores?
Se todos esses itens não estão recebendo cuidados como deveria, você já tem que pensar em como ajustar essa escala. Ela é a mais básica na sua pirâmide de motivação. Como exigir resultados maravilhosos, se o básico não está sendo suprido?
2. Atendendo as necessidades de segurança
Outro ponto relevante é analisar a questão segurança. O funcionário confia na empresa? Ele está tranquilo em relação a estabilidade na organização? E claro, o mais importante, ele está em condições seguras para exercer o seu trabalho?
Estamos vivendo um momento atípico no Brasil e no mundo. Como manter a motivação dos colaboradores quando eles estão inseguros sobre a sua permanência no emprego?
Evidentemente, líderes e gestores também estão cautelosos com o futuro. É muita responsabilidade em jogo. Mas, para aqueles que podem assumir o compromisso e garantir aos seus funcionários que eles passarão pela crise com seus empregos, certamente terão uma equipe mais feliz e motivada.
3. Atendendo as necessidades sociais
Essa necessidade é fundamental. É difícil motivar pessoas dentro de um grupo se elas não se sentem acolhidas, pertencentes aquele convívio.
É imperativo criar um ambiente de colaboração e empático, até para que essa dinâmica seja refletida nas relações com os clientes e gestores da empresa.
4. Atendendo as necessidades de estima
Hoje, buscamos profissionais flexíveis e com mentalidade de crescimento. Eles entregam resultados de alto performance. Eu, particularmente, gosto muito desse perfil profissional.
Mas, para manter um colaborador com esse perfil motivado dentro da sua empresa é preciso atender sua necessidade de estima. Nesse caso, há plano de carreira na organização, possibilidade de crescimento ou outras formas de reconhecimento?
É muito importante observar esses pontos, pois deles, provavelmente, irão nascer os argumentos para atrair ou manter os melhores profissionais.
5. Atendendo as necessidades de autorrealização
Para chegarmos aqui, toda a pirâmide de necessidades deve estar alinhada. Nessa escala, é possível incluir participação nos lucros da empresa ou receber autonomia para influenciar em decisões administrativas. É o topo da pirâmide, mas, sem dúvida, um argumento bem atraente para motivar os colaboradores.
Espero que esse artigo possa gerar alguma reflexão. É fundamental para nós, como líderes, entendermos por que os resultados estão altos ou baixos.
Não se trata apenas de saber os números, mas o PORQUE e o COMO chegamos a tais resultados. E essas respostas conseguimos através da compreensão sobre os motivos que levam a nossa equipe para a ação.
Identificar essas necessidades vai facilitar o nosso desafio de liderar pessoas em diferentes estágios no ecossistema organizacional. Enquanto um profissional em início de carreira precisa atender as necessidades básicas e de segurança, o outro, mais experiente, vai precisar ser suprido em estima e autorrealização.
Não é fácil, mas quem disse que ser líder ou gestor seria uma missão simples? Quer uma dica final? Olhe e ouça a sua equipe. Você vai descobrir a necessidade dela e como motivá-la!
Hudson Scherer, Gerente Comercial — Especialista em Gestão de Pessoas com Foco em Desenvolvimento Comercial.
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