Está na hora de as lideranças, não importa a idade, colocarem este desafio da convivência na pauta prioritária da gestão.
Está ficando cada vez mais engraçado. A medicina e a tecnologia estão fazendo a vida ficar uma confusão maravilhosa. Velhos com vitalidade misturados com jovens impacientes. Em algumas empresas isso se transforma em um enorme choque de convivência, quase uma impossibilidade matemática. Mas, em outras, a liderança e o RH já se ligaram e estão transformando a mistura de idades em uma enorme oportunidade competitiva. São inúmeros os choques das gerações.
Nos anos 1950, no Brasil, a expectativa de vida era de 43 anos, ou seja, avô era algo que só existia nos desejos ou nas lembranças da primeira infância. Atualmente a expectativa de vida está perto dos 80 anos e crescendo. Aposentadoria, em breve, será coisa de bisavô. Nas organizações, a convivência entre “garotos” de 20 anos com “velhos” de 70 anos, será cada vez mais numerosa e confusa. Vai ficar cada vez mais difícil escolher a música da festa de final de ano.
Como tudo na vida, aonde há algo novo, pode haver uma imensa oportunidade, mas antes de mais nada é preciso investir em educação para acabar com os preconceitos.
Os mais maduros devem mudar o olhar. As gerações mais novas não são piores ou melhores, apenas são diferentes. Tudo bem que elas trabalham com o fone de ouvido, mas elas também não fumam. Não cabe mais olhar para eles com pensamentos preconcebidos, como na conhecida frase de Millôr Fernandes: “Qualquer idiota consegue ser jovem, mas é preciso muito talento pra envelhecer”.
Os mais jovens devem também mudar o olhar. Uma pessoa só é velha quando não quer mais aprender ou se recusa a mudar. Tudo bem que os mais maduros não conhecem a Inteligência Artificial, mas eles têm a sabedoria natural. Cuidado para não os considerar carta fora do baralho, lembrem que só existe uma alternativa para não ficar velho: é morrer jovem.
Isto posto, está na hora de as lideranças, não importa a idade, colocarem este desafio da convivência na pauta prioritária da gestão. Vamos aproveitar a era de times multifuncionais, squares, open spaces e outras tantas novidades, e criar a mistura das idades. Se as melhores empresas aprenderam que não cabe preconceitos de raça ou orientação sexual (Viva!) e cada vez mais incentivam a diversidade, agora também é hora de juntar as gerações e ganhar com isso. Afinal, todos estão certos em sua própria perspectiva.
Vamos juntar a técnica do mundo moderno com a experiência da gestão. Significa ser mais rápido na direção certa. Coloca um talento de 25 anos ao lado de um de 65 anos e teremos a melhor dupla executiva do mundo, 90 anos de vivência acumulada com uma energia média de 45 anos. Uma enorme capacidade de inovação com a disciplina e a rotina da realização. Deve ser até mais barato ter os dois do que ter apenas um de 45 anos.
Coloca um talento de 25 anos ao lado de um de 65 anos e teremos a melhor dupla executiva do mundo
Talvez seja mesmo muito difícil colocar em prática algumas propostas feitas aqui, mas não importa qual a sua idade, aceitar as pessoas como elas são é uma proposta bem razoável, concorda? No final, o nome disso é respeito e quem pratica isso demonstra maturidade espiritual.
Sei que não é fácil somar as diferenças, mas aqui também cabem novos olhares. Deixa eu te contar uma coisa, para ajudar a reflexão. Uma pessoa de 20 anos tem muito mais em comum com uma de 70 anos do que parece. Aos 20 anos todo jovem sonha com a possibilidade de fazer sexo frequente e seguro, ter seu próprio carro e dirigir, ter seu espaço e não depender de ninguém, e ainda aproveitar muito a vida, já que isso tudo é sinônimo de muito sucesso. Você sabia que uma pessoa de 70 anos tem exatamente os mesmos sonhos?
Leonel Andrade foi CEO da Smiles, Credicard e Losango Financeira. Atualmente, é membro do Conselho de Administração da BR Distribuidora e da Lojas Marisa. Também faz palestras sobre gestão de pessoas e negócios.
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